quinta-feira, 2 de maio de 2013

Se eu ganhasse o Euromilhões


Se eu ganhasse o euromilhões, andaria trajado com uma longa veste vermelho aveludado, daquelas que o forro do capuz é branco com pintas pretas. Seria transportado numa liteira por quatro anões em esteróides e quem me quisesse falar teria que me beijar o cachucho. Andaria com um gato persa, gordo e branco, ao colo, o qual estaria constantemente a ser afagado. Teria, também, dois gatos siameses, frios e de olhar intenso. Compraria a casa que sempre quis comprar, ali, ao lado dos bolos, em Campo de Ourique. Arranjava um título porreiro. Nada de muito pretensioso. Qualquer coisa como “Vice-Rei da Estrela” ou “Barão da Bota-Velha”. E à passagem da minha liteira jogaria pela janela moedas de ouro cunhadas com o meu perfil, e riria, riria dos plebeus que rapidamente se amontoavam, quais pombos ao milho, na tentativa desesperada de ficar com parte do meu tesouro. Na minha casa teria uma massagista daquelas holandesas grandes e gordas que seguram cinco canecas numa só mão, pois a minha lombar precisa de uma tareia e não de um simples esfregão. No entanto, teria também, para quando me apetecesse apenas relaxar, outra massagista, daquelas asiáticas bonitas que vemos nos anúncios com uma flor na orelha e um grande sorriso na cara. Um chef privado seria obrigatório e várias, várias empregadas, brasileiras ou de leste, que me serviriam daiquiris a tarde toda de biquini. Teria o Cláudio Ramos a limpar-me as latrinas, o pisso do Nilton a polir-me os carros e a Júlia Pinheiro como ascensorista. O Professor Marcelo iria todos os sábados a minha casa ler-me o Expresso e o meu despertador seria o Coro Infantil de Viena. Teria dois guardas à porta de casa e outros dois à porta do meu quarto. Só pelo pagode. E vestiria os ditos com vestes ainda mais ridículas que os guardas suíços do Vaticano. Em casa, vestiria apenas calças de fato de treino, do mais fino algodão egípcio, colhido por crianças virgens do Sudoeste do Nepal nas noites de lua cheia. Todas as escadas de minha casa, aliás, qualquer ínfimo degrau, seria rolante, a música, o frigorífico, os estores, tudo seria activado por voz e qualquer esforço físico que precisasse de fazer, seria feito por um dos meus empregados que me responderiam ao toque de uma sineta. Sineta essa que seria tocada por outro criado. Por fim, teria a casa sempre cheia dos meus amigos e teria um acordo vitalício com o Burger King para me produzirem as coroas deles, pois em minha casa seria rei e não vejo, sinceramente, coroa melhor que a do BK.

4 comentários:

Morales disse...

"colhido por crianças virgens do Sudoeste do Nepal nas noites de lua cheia"

Crianças virgens?? Isso já é um capricho, desculpa.

lol

xico dollar disse...

só fiquei com uma dúvida: afogavas o gato persa, e tinhas outro imediatamente para o substituir? ou quase que o afogavas, salvavas o bicho e quando ele pensava estar seguro, voltavas a afogar? É importante esclarecer isso.

Anyway, obrigado pela risada!

barrao disse...

e as pizzas no meio disto tudo? Ingrato...só por seres rico!

Fred disse...

Fala-me um pouco de como seriam os sofás sff