quinta-feira, 11 de abril de 2013

29

Hoje celebro 29 anos. "Celebro" é uma maneira de dizer porque, na verdade, não celebro nada. Assinalo quanto muito - que é, afinal, o que estou a fazer - e muitas (ou algumas) outras pessoas, amigos e conhecidos, assinalam por mim quando me deixam mensagens, mais ou menos elaboradas, mais ou menos simpáticas, mas todas com o mesmo singelo objetivo: dizerem-me que gostam de mim. É bom. Sentir que nestes 29 anos fui conhecendo pessoas que me estimam, pouco ou muito, mas que me estimam. Gente que vejo todos os dias. Gente que vejo dia nenhum. Faz-me sentir pequeno. Sentir que a estima que me têm é maior que a estima que me tenho. Parece que não mereço que me estimem tanto. Soa a falsa modéstia, até a mim que sou eu que o digo, mas é o que sinto. Fazer anos obriga-nos a fazer balanços e fazer balanços faz-nos recuar no tempo. Voltar ao tempo em que o futuro era uma folha em branco, e o presente era preenchido com pessoas que agora pertencem ao passado e que nos fazem muita falta. Neste dia lembro-me dela, mais do que em qualquer outro. Faz-me mal. Ou bem, não sei. Sei que dou por mim e estou a escrever num blogue, sem razão, tomado apenas pela emoção e isso não sei se é bom se é mau. É, apenas. Tudo isto para dizer: obrigado a todos por se lembrarem.

Fica um vídeo, porque eu gosto de vídeos, mesmo quando transpiro melancolia. Sobretudo vídeos que reflictam o estado de espírito do momento.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Selva supletiva

Bonita e recém-solteira, Olívia queixa-se do pronto assédio recebido por vários. Estranha a poeira ainda ir alta e já os animais aparecerem para o festim. Um dia há de querer, estar receptiva, desejar uma mensagem, mas hoje ainda não. Por ora ainda lhe causa repulsa, sente-se sufocada por tamanho cerco. Ouço a sua história, esta história, contada por terceiro. Não consigo deixar de pensar nela como um ser alheado da realidade. A realidade é esta, a selva, o zoo, a bicheza cá em baixo. Com namorado durante anos, vivia no seu mundo, protegida do assédio daqueles que sabem que tem dono. Esqueceu-se que o zoo não se evapora, não deixa de existir. As mulheres como Olívia não sabem que o compromisso as eleva do mundo real, como um teleférico, mas que cá em baixo outros esperam as esporádicas quedas da carne que se transporta naqueles carrinhos pendurados por longos e altos fios. No teleférico há jantares românticos à sexta, sofás a dois ao domingo, almoços em família, longas horas ao telefone, autênticas temporadas na horizontal, discussões, reconciliações, mentiras e intrigas, desgaste, tempo e soluções, se vontade houver. Mas por vezes as soluções não vêm e a voltinha no teleférico acaba. Os outrora felizes utilizadores deste elevador são obrigados a descer e a voltar ao mundo que existe por defeito, o zoo cá em baixo. Bom, se lá em cima ninguém quer vir cá para baixo, rapidamente se imagina que cá em baixo todos querem subir. Mas a subida só é possível aos pares. E Olívia é cercada por este desejo da subida, cego e atropelador, existente naqueles que se encontram cá em baixo. Neste momento, enquanto recua assustada ao ver os leões babarem-se lentamente na sua direcção, Olívia não imagina o quão pouco durará para se juntar a eles e tornar-se, ela própria, um daqueles selvagens.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Momento "Wait! WHAT?!?" do dia

"Uma organização internacional de jornalismo de investigação (ICIJ) revelou ter tido acesso a milhões de ficheiros que identificam mais de 120 mil empresas e fundos 'off shore', que expõem negócios de políticos, criminosos e bilionários de todo o mundo (...) Entre os nomes revelados encontram-se médicos e dentistas norte-americanos, ALDEÕES GREGOS DE CLASSE MÉDIA, corretores na bolsa de Nova Iorque, ou multimilionários indonésios ou da Europa Central ou ainda gestores rusos de empresas de topo, negociantes de armas e empresas de fachada."

Daqui (confirmado aqui).