quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Tiger

Não deve haver uma pessoa no mundo desenvolvido que não conheça o nome Tiger Woods. Mesmo não acompanhando a sua carreira, todos sabemos que é um dos melhores de sempre e que, por onde anda a jogar, arrasta multidões. Além de ser um golfista excepcional tem o indiscutível mérito de ter transformado (nos EUA) um desporto considerado elitista num desporto de massas. É até curioso ver como um certo declínio que o golfe está a viver (são vários os relatórios que apontam para uma descida sustentada do número de participantes a nível global) coincide com o declínio de Tiger, despoletado há meia dúzia de anos com o escândalo de infidelidade (em massa) em que se viu envolvido. Quem, como eu, não acompanhava golfe, nem tão pouco se interessava pelo desporto (no meu caso é sempre uma questão de tempo) sabe quem é Tiger mas não viveu quem é Tiger. É por isso que o vídeo abaixo é impressionante. Porque mostra de forma escandalosamente clara o que foi o fenómeno Tiger. Um pouco de contexto apenas: este vídeo passa-se em 1997. Nele vemos um Tiger de 21 anos, no seu ano de estreia no PGA, em que contava com 3 vitórias em 10 torneios disputados. Não tinha ganho ainda nenhum major (hoje tem 14, menos 4 que o recordista Jack Nicklaus) e já gerava este ambiente por onde passava. No vídeo "só" vemos uma tacada, mas o que se passa à volta dele é assustador. Isto não era golfe. Isto era outra coisa qualquer.

 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Mlhódómundo

Tu já falaste disto, Xando. Não te quero repetir, sobretudo porque tu disseste praticamente tudo quando escreveste: "Nós, os tugas, não queremos saber. Somos simples. Tanto formamos o maior império do mundo, como nos regozijamos com o recorde mundial de maior feijoada colectiva. Somos assim, sonhadores e ambiciosos, claro, mas sempre terra-a-terra, olhos nos olhos, sinceros de alma." É de facto isto e pouco mais que isto. Mas ontem, a propósito das horas e horas de cobertura da gala da Fifa, vi este vídeo abaixo em que o mlhódómundo confessa ao Messi que o cabrão do Cristianinho tropeçou num vídeo do argentino no computador lá de casa, e agora não pára de falar do anão manhoso. Isto além de ser delicioso, atesta bem o que disseste sobre ele. Terra-a-terra. Olhos nos olhos. Sinceros de alma. É de facto o que somos, e ver que o mlhódómundo, no meio de todo o folclore e de todo "cheio-de-si-mesmismo" que - sejamos sinceros - o caracterizam, consegue mostrar essas características tão tugas, é reconfortante. Bolas de ouro e urros à parte, diria que é isto que nos devia orgulhar verdadeiramente.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Quitério

José Quitério já era uma instituição. Nos últimos anos habitava as últimas páginas da revista do Expresso, mas há cerca de 40 anos que escrevia para o jornal sobre comida - tenho alguma dificuldade em distinguir "gastronomia" de "culinária", por isso prefiro usar "comida". A tática do anonimato que sempre fez questão de aplicar e os textos excessivamente adjetivados, muitas vezes de adjetivos raros e exóticos, conferiram a Quitério uma aura quase mitológica. Onde o comum dos mortais via um bar com uma varanda para o Tejo, Quitério via um "bar convidativamente ajaezado, prolongado para a comprida varanda sustentada pelos arcos da frontaria, com serventia visual para o Tejo". Já fazia parte da sua escrita. Os seus textos já respiravam por si, e quase deixavam para segundo plano os víveres e respectivas confecções a que diziam respeito. Quitério fazia-nos lê-lo, a ele, mais do que nos suscitava a curiosidade de saber se determinada casa de pasto em Évora estava a respeitar o cabrito no forno. Tratando-se de um crítico de comida, talvez esse não seja o maior elogio que se lhe possa fazer, mas atesta da grandeza de Quitério. 

Esta semana, por motivos de saúde que se espera sejam de fácil resolução, Quitério já não escreveu para o Expresso. Fortunato da Câmara ocupa agora o seu - de Quitério - espaço. Em vez da crítica, dá esta semana uma entrevista à revista do Expresso, e nela dá gosto ver como a pessoa José Quitério pouco tem a ver com o crítico Quitério. O seu tipo de escrita faria supor que se trata de alguém sensível, não só a gostos e cheiros, mas a palavras e descrições. Faria supor que se trata de alguém distante, diferente, arrogante, altivo. Não sei porquê, mas era assim que eu via Quitério. É natural esperar que alguém que passa boa parte de 40 nos a criticar (por vezes sem misericórdia) o trabalho de outros desenvolva uma distância e uma arrogância que acabam por ser necessárias ao seu trabalho. É refrescante perceber nesta entrevista que Quitério não é nada disso. Quitério parece ser um gajo impecável e deu-me um gosto especial conhecê-lo. Finalmente.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Humor (de) negro



Filhos da puta. Por um desenho. Uma merda de um desenho. Um cartoon. De crítica, de humor, tanto faz. Isto é gravíssimo. Fiquei profundamente triste. Esquecem-se eles que o humor também existe na tristeza. Ou existe sobretudo nela. Façamo-lo, ainda que tristes.

Mas é triste. Muito triste. Por um dia, a borracha da tinta foram balas.

ps: Ainda para mais quando há tanto humorista, vulgo Nilton, que devia estar à frente da lista para levar um balázio.

pss: Ou o Batatinha.