sexta-feira, 22 de março de 2013

Já estava na hora

Sou só eu, ou já estava tudo farto deste gajo no site do Record?






Se bem que o que puseram lá agora ainda cheira mais a barrete.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Filho de Gepeto e da Jeropiga

Pouca gente sabe isto, mas o Pinóquio não é filho/obra único/a (o espanto e a estupefacção invadem a mente do leitor). Não é, de resto, incomum que determinada pessoa ou determinado boneco de pau fique conhecido por aquilo que fez de bem, ficando os insucessos e os falhanços escondidos na sombra que um grande sucesso inevitavelmente deixa. É o caso de Woodkid. Viveu parte considerável da sua vida na sombra de Pinóquio até que, farto de ser ninguém, se fez à vida e abraçou uma carreira artística que começa também agora a deixar a sua sombra.

Woodkid é o irmão falhado do Pinóquio. "Falhado" não porque tenha esbarrado no insucesso em alguma empreitada a que se tenha dedicado (a sua mais recente empreitada aparenta até estar destinada ao sucesso) mas porque, muito simplesmente, é um produto falhado do seu criador, o famosíssimo Gepeto. É falhado de condição e não de defeito. O próprio nome de Woodkid - "Rapaz" de nome próprio, "De Madeira" de sobrenome - já indiciava algum desinteresse do criador na altura do baptismo.

Gepeto, é do conhecimento público, sempre foi dado à pinga. Fazia por se achar um "apreciador" de jeropiga e sempre que ia ao café e lhe serviam o copo até ao cimo mandava-o logo para trás. "A jeropiga bebe-se civilizadamente", reclamava, sempre que se via obrigado a mandar um copo para trás. Assim queo copo  regressava servido da maneira correta levava-o à boca sem mexer o tronco ou o pescoço um milímetro que fosse e, enquanto o fazia, dizia sempre: "só os bêbedos é que têm de levar a boca ao copo e não o copo à boca". Um homem de convicções, o Gepeto.

Naquele dia, em que a concepção do Rapaz se desenrolava, Gepeto contava já com uns quantos meios copos de jeropiga na "conta". A jeropiga aquecia-lhe o estômago e, acreditava ele, apurava-lhe o dom de criar rapazinhos a partir de bocados de madeira. Ficou, por isso, incréulo quando pôs os óculos para verificar que a última martelada que tinha dado tinha resvalado de forma desastrosa e - pior! - incorrigível do nariz do Rapaz para a zona onde o seu olho esquerdo, supostamente, viria a aparecer depois. Um momento de desatenção e o Rapaz ficou zarolho para toda a vida, condenado a uma vida de reclusão ao contrário do seu bem sucedido e mentiroso irmão de pau.

O velho ficou pior que estragado (mais meio copo goela abaixo) e só acabou o serviço porque não gosta de deixar nada a meio (muito menos uma garrafa de jeropiga). Terminada a criação (e a garrafa), Gepeto pôs as mãos por baixo dos sovacos do Rapaz, levantou-o da bancada esticando os braços ao alto e disse, com aquela dicção que só 18 meios copos de jeropiga conseguem dar: "Ésfeiocomóscornos!!"

E assim nasceu (e quase morreu) o Rapaz de Madeira:

quarta-feira, 13 de março de 2013

Juro que achei que ele era Ricardo



"Olá, boa tarde a todos. O meu nome é Ricardo Santos, tenho 35 anos e estava no sofá". Olá Ricardo. Eu sou o Morales, tenho 28 anos e estava no chuveiro. Agora estou aqui no meu quarto com uma toalha à volta da cintura enquanto vejo um vídeo no youtube. Espero que não te importes. "Senti que podia fazer um pouco mais na minha missão de inspirar pessoas". Ora ainda bem Ricardo! Gosto de pessoas que acham que podem sempre fazer um pouco mais, seja no que for. Se for a inspirar pessoas, tanto melhor. Vamojaisso então!! "Quem me conhece sabe que sou um homem feliz há muitos, muitos anos, um homem apaionado por pessoas, palavras e afetos". Um brinde à tua felicidade Ricardo! Mas... Ricardo: que te apaixones por pessoas percebo. Quem nunca se apaixonou por uma pessoa que atire a primeira pedra. Por palavras também posso aceitar embora já com alguma dificuldade - gosto muito da palavra "esfinge", por exemplo, embora, confesso, ainda não encontrei a minha palavra-metade. Agora, afetos? És apaixonado por afetos? Como é que isso se faz exatamente Ricardo? Isso é mais ou menos ou mesmo que ignorar igonrantes não é? Ou não? É que sentir afetos por afetos é um bocado esquisito. Tu gostas muito de presenciar afetos. É isso? Pois... isto não é fácil não. Não tinha percebido que este vídeo ia ser tão filosófico. Avancemos.. "Todos os homens felizes tem uma responsabilidade eterna". Ah sim Ricardo? E qual é? "(...) é poder inspirar os outros e mostrar que é possível os outros serem [felizes], mostrando-lhes que apenas dependem deles próprios para o ser". Não há nada como assumirmos as nossas responsabilidades não é Ricardo?! Mas olha, se apenas dependemos de nós para sermos felizes, para que é que eu te estou a ouvir? Hein? "Sim. Estava no sofá, aparentemente sem fazer nada, a ver um filme..." Mau! Em que ficamos? Sem fazer nada ou a ver um filme? "...e de repente questionei-me: se eu poderia fazer mais alguma coisa" 1) que filme era?; 2) fazer mais alguma coisa para além de ver o filme ou para além de ser feliz e mostrar às pessoas como serem felizes Ricardo? Estou a ficar confuso. É que já estamos nisto há mais de um minuto e ainda não fizeste nada, nem percebi o que vais/estás a fazer. Explica-te duma vez homem! "Isto que vocês estão a ver neste preciso momento é isso!" É "isso" o quê Ricardo, foda-se??! "É aquele pequeno passo, rumo àquilo que é mais importante no homem que é a sua possibilidade de sonhar e materializar isso". Ricardo, vamos por partes: o que é que estamos a materializar exatamente? A possibilidade de sonhar? "Podem-me perguntar: então não seria melhor esperares para ter meios técnicos melhores, com melhor acústica, uma melhor luz, um enquadramento melhor?" Está tudo óptimo Ricardo! A luz, o som, o enquadramento. O problema para já é só a mensagem. Diz lá então, duma vez por todas o que te traz a esta janela de youtube!! "Mesmo que eu tentasse buscar essa perfeição, a verdade é que ela nunca existiria". Esquece isso Ricardo!! A imagem está óptima. O som está perfeito. O enquadramento geométrico. Avança foda-se! "A perfeição nunca existe fora. A perfeição existe sempre dentro" Ahaaaa! Agora estamos a chegar a algum lado Ricardo. Continua... "Por muitos recursos que eu tivesse para conseguir mostrar-vos isto, eu nunca atingiria o que estou a sentir agora porque, agora sim, o momento é perfeito" Perfeitíssimo Ricardo!! Diz Ricardo, diz... "Porque tudo é perfeito quando nós escolhemos sentir" Sentir? Mas sentir o quê Ricardo? Mas por que caralho é que tu não acabas as frases foda-se?? "E no momento em que estou a gravar isto para vocês, e isto é só uma experiência, eu estou a sentir tudo isto que eu vos estou a dizer" Mas tu ainda não disseste nada Ricardo. O que eu captei para já não foi muito. Estavas no sofá: check! És apaixonado por afetos: check! Não estás satisfeito com as condições de luz, som e enquadramento: check! Mas e mais?? "Além do que eu faço no meu facebook e no meu blogue "Arrisca-te a viver", nos meus quatro livros já publicados e o quinto será publicado agora em março". Espera lá! Estás a ver se me vendes um livro, Ricardo? É isso? "Além de tudo isto que eu faço, lembrei-me: eu secalhar posso fazer mais alguma coisa" E QUAL É ESSA COISA RICARDO??!! CARALHOS ME FODAM SE NÃO ME DIZES AQUI E AGORA QUE COISA É ESSA FODA-SE. "Essa coisa..." Siiiiimmmmmm... "...é isto que vocês estão a ver". VAI PA CONA DA PUTA QUE TE PARIU RICARDO! CHEGA! CHEGA FODA-SE!! "Antes de fechar, gostava só de fazer-te uma pergunta a ti, que estás aí sentado também, a ver isto" Como é que sabes que estou sentado? Humm..weird! Bem, manda lá vir a pergunta. Se não trazes respostas, pode ser que tragas uma pergunta de jeito. "O que é que tu podes fazer hoje, para te aproximares mais daquilo que é o teu sonho?" Não sei Ricardo. Juro que não sei. Dói-me a cabeça...

quarta-feira, 6 de março de 2013

Redknapp e Ronaldo

O Jamie Redknapp jogador assemelha-se muito ao Jamie Redknapp comentador de futebol. Em ambas as condições Jamie mostra pormenores que o levaram a ser elevado a "jovem promessa", fosse de jogador de futebol, fosse de comentador da mesma modalidade. A questão é que, se no futebol as lesões foram as principais responsáveis por Redknapp não ter feito a carreira que as suas qualidades antecipavam, no comentário desportivo parecem ser os neurónios os principais obstáculos a Jamie Redknapp se tornar num Jon Champion dos tempos modernos. Jamie Redknapp gosta de ser polémico, gosta de ir contra a maré e de mostrar que pensa pela prórpia cabeça mesmo quando isso, manifestamente, o prejudica.

Diz Jamie Redknapp, a propósito do gesto de ontem de Ronaldo em Old Trafford, que não celebrar um golo contra a antiga equipa é "rubbish" com laivos de "nonsense". Diz também que, se Ronaldo queria mostrar o seu amor pelo Manchester United, então não devia ter saído do clube. Ora Jamie, caso não te lembres, o Real Madrid pagou qualquer coisa como 96 milhões de euros pelo Ronaldo. Nos seis anos que esteve em Inglaterra, Ronaldo ganhou 3 campeonatos, 57 taças de inglaterra, 45 taças da liga inglesa, uma champions e sabe-se lá quantos prémios individuais. Ganhou! E quando se diz "ganhou" é isso mesmo que se quer dizer. Foi ele que os ganhou em primeiro lugar, uma vez que eram dele aquelas pernas que durante esse período se viam a acartar com a equipa toda às costas. Depois de ter ganho tudo, Ronaldo quis fazer o mesmo noutro lado. Porque é que ele fez isso não sei, mas desconfio que o dinheiro e a ambição de fazer o mesmo noutro lado estarão entre as principais razões. Será ele condenável por isso depois de ter feito o que fez no clube? Não me parece. Deu tudo o que tinha (que, além do mais, era muito mais do que qualquer outro conseguiria dar), ganhou tudo o que havia a ganhar e deu uma pequena fortuna ao clube quando saiu, mantendo amigos em todos quantos o eram enquanto ele lá esteve. Chegamos então ao gesto de ontem...


Ronaldo chegou ao Manchester United com 18 anos. Chegou lá um puto madeirense enfezado e desdentado e saiu, seis anos depois, com um título de melhor jogador do mundo e uma dentadura digna de ostentar em qualquer consultório de renome internacional. Durante esse tempo ele foi sempre acarinhado e encorajado pelas pessoas que se sentam naquelas bancadas, inclusivé quando em todos os outros estádios de Inglaterra o recebiam com insultos. Hoje, Ronaldo olha para aquelas bancadas e, seguramente, vê caras familiares. Caras que já festejaram dezenas de golos com ele. Que já perderam a paciência com a sua irreverência. Que já cantaram o seu nome e lhe chamaram o "Unico Ronaldo" que conheciam. Caras que ocupam aqueles mesmos lugares há muitos anos e que vêem em Ronaldo um dos grandes que já passou por aquele histórico relvado. Ronaldo vê essas caras e reconhece-as. São amigos. São aliados. Não perceber isso, e querer fazer do gesto de Ronaldo um gesto hipócrita é fácil, porque é capitalizar no descontentamento de grande parte de uma nação e dirigi-la ao alvo mais fácil: o português que marcou o(s) golo(s) da desgraça e que, dpois de marcar ainda teve o descaramento de pedir desculpa. Porque se é verdade que, em muitos casos, este não-festejo assume contornos de alguma hipocrisia e de falso protagonismo de quem não tem protagonismo nenhum, neste caso, condenar Ronaldo é condenar um gesto simples de quem genuinamente, não queria desrespeitar aqueles que fizeram dele quem ele é hoje. Não se trata de esconder a felicidade de marcar um golo. Essa existe e Ronaldo não a nega. Trata-se de não esfregar na cara daqueles que durante anos caminharam a seu lado, que agora ele caminha no sentido contrário e fá-lo às custas de quem gosta. Trata-se de respeito. Trata-se de reverência. E ver respeito e reverência em alguém tantas vezes acusada de narcisismo devia fazer com que os Jamie Redknapps da vida pensassem duas vezes antes de pegar no alvo mais fácil (a seguir ao árbitro claro).

segunda-feira, 4 de março de 2013

É a vida

Pela primeira vez, este ano senti-te mais velha. Nunca a soma dos dias no teu corpo se tinha manifestado de maneira a que eu pudesse contar às pessoas, com um exemplo concreto, o porquê de estares mais velha. Nem mesmo a crescente apatia e as horas na cama me convenciam de que estavas mais velha. Nunca cronometrei o tempo que dormias, por isso a mudança não me chegou. Mas este ano percebi. Não foste lá acima. E tu sempre foste lá acima. A dor do esforço não compensava a tua curiosidade e optaste por esperar pela minha descida em vez de me ires buscar lá acima. A velhice é dada a opções, pois quando tudo podemos fazer não há pelo que optar. E hoje escolhes. A escada ou a espera. Estás velha. Sei-o porque não foste lá acima.