segunda-feira, 27 de abril de 2015

No estrangeiro, rebenta a bolha.



Não me admirava se isto fosse entre certas pessoas que conheço.


É bom e nostálgico. Faz-me lembrar as estupidezes que já fizemos nas despedidas de solteiro.

E a atitude da vítima não é mais do que uma reacção normal entre os homens que são amigos: "(...) após ser libertado, o homem recusou apresentar qualquer queixa. Vestiu-se e juntou-se novamente aos amigos para continuar a festejar a despedida de solteiro."

A amizade masculina é estúpida, é filha da puta, é má, é escárnio, é bota-abaixo. Mas é assim. E tem tanta graça.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Sim, snooker.

Está neste momento a decorrer o Campeonato do Mundo de Snooker... Esperem!! Não mudem já de canal que a ideia não é explicar porque é que o Snooker mundial atravessa um período de relativa crise/abundância de talento. Não! A ideia não é essa. Nunca vi um jogo de snooker do princípio ao fim, nem sei bem as regras da coisa para além daquela dança de ir metendo as encarnadas, alternadas com as de cor. A ideia é chamar a atenção, não para a mesa com pano de feltro verde, mas para um dos homens que por estes dias nela se vai roçar. Porque, o fascínio por desporto (se o snooker é um desporto é toda uma nova discussão pela qual não quero entrar) não existe em abstrato. Pelo menos no meu caso. Pessoas haverá que gostam de futebol apenas porque apreciam a beleza estética e geométrica de ver 22 pessoas a correr num rectângulo relvado. Ou que apreciam a beleza de ver uma pedra a deslizar em gelo enquanto diligentes fadas do lar varrem o seu caminho. Há dessas pessoas. Não são no entanto essas as pessoas que são os verdadeiros amantes de desporto. Não são elas que enchem os estádios nem que berram para televisões. Os verdadeiros amantes de desporto são os que encontram na competitividade o motivo para verem esse mesmo desporto. São tanto os que procuram a perfeição e consequente resignação adversária como os que apenas buscam a superação depois da desilusão. Esses, os que vêem o desporto de forma objetiva, fazem-no porque em algum momento da sua vida se apaixonaram por alguém. Há muitos anos atrás o pai de um amigo meu levou-me à velhinha Luz ver um miserável Benfica-Sporting que acabou 0-0. Foi um jogo verdadeiramente merdoso que em condições normais deveria ter-me feito meter o futebol numa gaveta e nunca mais voltar a pôr os pés num estádio. Mas não. Nesse dia, na Luz, eu apaixonei-me por um baixinho que lá andava a lutar contras os outros e contra os seus, chamado João Vieira Pinto. O meu tio vinha na viagem para casa a queixar-se da perda de tempo e dinheiro que aquilo tinha sido e eu vinha no banco de trás a relembrar cada gesto do João Pinto naquele jogo. Algum tempo depois esse mesmo João Pinto desfazia o Sporting no famoso 6-3 e por essa altura já eu estava irremediavelmente agarrado. Agora que penso nisso não sei se foi ele que fez nascer em mim a minha paixão pelo Benfica mas não tenho dúvidas que foi a faísca que acendeu o rastilho. Isto vale para o Benfica, como vale para Jordan no basket, ou, mais recentemente, Mcilroy no golfe ou Brady no futebol americano. Isto tem o seu quê de "la paliciano" mas aquilo que torna os desportos interessantes e, mais que isso, apaixonantes são aqueles que os praticam. Normalmente porque são muito melhores que o resto das pessoas (onde infelizmente nos incluimos) a praticar determinado desporto, mas por vezes nem isso é preciso. Basta a dose certa de carisma e um bom timing e a coisa está feita. Tudo isto para dizer que... o Campeonato do Mundo de Snooker está neste momento a decorrer. Nele está um homem chamado Ronnie O'Sullivan que para os que, como eu, apenas procuram um pretexto para mergulhar num qualquer novo mundo desportivo, tem a combinação perfeita de talento/carisma/loucura para nos deixar agarrados ao que se vai passando em Sheffield por estes dias - um Campeonato do Mundo em Sheffield!!! Já adoro snooker foda-se!! Ronnie O'Sullivan vem daquele molde que produziu talvez o maior número de atletas de eleição. O molde que junta o talento natural aperfeiçoado com incontáveis horas de prática àquela maneira de encarar o mundo "eu contra vocês todos meus filhos da puta" que só uma infância difícil (normalmente marcada por uns porradões valentes de um pai bem regado a álcool) consegue dar. É uma combinação explosiva não só porque produz uma parte importante daqueles que entram na História do Desporto mas porque também produz os maiores trainwrecks da História. O génio vem muitas vezes acompanhado do desequilíbrio emocional (muitas vezes provocado por esse mesmo génio e pela forma como se consegue ou não gerir os seus efeitos) e essa luta interna que os génios vivem sempre que estão sob as luzes da ribalta é talvez das coisas mais viciantes para um amante de desporto. O'Sullivan já provou o seu génio incontáveis vezes e está agora a lutar para ficar na História como o melhor de sempre. É o último estádio de desenvolvimento de um atleta e aquele a que apenas uma ínfima percentagem consegue atingir. Fiquei a conhecer a sua história (E AGORA VEM O VERDADEIRO MOTIVO PORQUE ESCREVI ESTA MERDA TODA) neste fabuloso trabalho da New Yorker e, desde então, que marquei este campeonato do mundo na minha já preenchida agenda de cenas-desportivas-que-quero-ver-se-a-minha-mulher-não-estrebuchar. Provavelmente não verei nenhum jogo, mas o que é facto é que já tenho aberto no computador um separador com o live score da partida do O'Sullivan. Ontem, por exemplo, O'Sullivan jogou descalço. A razão porque jogou descalço interessa pouco para além de que ajuda a provar de que estamos perante alguém diferente. E o desporto, se formos a ver bem, acaba por ser isso mesmo. A busca por aqueles que são diferentes dos outros. Não só os que são melhores mas os que fazem diferente.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Petição chumbada


Já passou algum tempo desde que Simba, o leão da Rodésia, emigrado para Idanha-a-Nova, comeu chumbo em quantidade suficiente para não ficar para contar. Gosto de animais, gosto de leões da Rodésia. Tenho um cão e adoro o meu cão. Mas não assinei a petição. E mais, condeno ligeiramente quem o fez. E tenho vários amigos que não se fizeram rogados na hora de emprestar o nome a esta “causa”.

Primeiro, não percebo a utilidade de uma petição neste caso. Relembro que a petição, que está muito mal feita e explicada, refere o seguinte: "Pressionar para: que se faça Justiça; Sensibilizar as entidades competentes; Mobilização Nacional; Apelar à indignação”. Por um lado querem que se faça justiça, mas ou há responsabilidade (seja civil ou criminal) ou não há. Se houver, que se aja, se não houver, não será uma petição que fará o que a lei não pune. Por outro lado não há, verdadeiramente, um caminho definido para atingir os vagos fins a que se propõem. Não há um princípio, um meio e um fim. Mas as pessoas assinam. E fazem-no em barda. Dá-me genuína vontade de rir quando leio “Apelar à indignação”. Basta apelarmos a que as pessoas se indignem, para termos mais de 70 mil macacos a subscrever um papel. Genial.

Ainda assim, o que mais me causa impressão, na facilidade com que milhares de pessoas assinam uma petição, prende-se com o facto de ninguém ter procurado saber o que realmente se passou. Um cão morto à chumbada é razão suficiente para assinar uma petição, mas um cão morto à chumbada não é razão suficiente para as pessoas se perguntarem simplesmente: Porque é que foi um cão morto à chumbada?.  As pessoas confundem o resultado com o fundamento. Esta petição não visa acabar com a mania instalada em Portugal de matar cães à chumbada. E não visa porque essa mania não existe. Felizmente, não há cães a provar desnecessariamente chumbo letal todos os dias. Matar cães à chumbada não é um hobby generalizado cujo fundamento, e consequente resultado, se repugnam. Isto não é como as touradas que podem e devem (para quem as quer erradicar – eu, pessoalmente, sou a favor das touradas) ser combatidas, entre outras armas, com petições.

Se este cão foi atingido mortalmente, por alguma razão o foi. É essa razão que cumpre apurar, pois só aí poderemos condenar ou desculpar a acção de quem matou. Essa razão ninguém a quis procurar. A ninguém interessou. É curioso ver que em notícia alguma, incluindo vídeo, se vê o dono a dizer que o cão não fez nada que merecesse a chumbada. Ouve-se o dono dizer que o cão era meigo e bem treinado, mas já não que aquela chumbada em concreto não foi precedida de nenhuma acção do seu cão que pudesse merecer uma chumbada.

Não esquecer que falamos de um leão da Rodésia, raça capaz de comer uma ovelha antes do jantar.

Eu não sei o que se passou. Mas algo se passou.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Michael Sam(ba)

Apenas uma nota para dar um update sobre este post. Quando o escrevi achei mesmo que poderíamos estar perante um momento importante. Afinal não. Michael Sam ocupa hoje os seus domingos a fazer de estrela (repare-se que o estatuto de "estrela" ele não perdeu, mesmo sendo um fracassado naquilo a que se propunha fazer) dançante e não de jogador de futebol americano. E, ao que parece, leva jeito.