É um tema que está cada vez mais na ordem (desportiva) do dia: a homossexualidade e o desporto profissional. Até hoje a ideia que reina é a de que são dois mundos incompatíveis. Não porque haja incompatibilidades de facto mas porque, simplesmente, não havia até há pouco tempo registo de um atleta de um desporto profissional relevante que fosse assumidamente gay. Ninguém no seu perfeito juízo pode defender que não há gays a praticar desporto profissional ao mais alto nível, mas o facto de não haver casos que comprovem essa inevitabilidade ajuda a desconstruir a ideia de que vivemos já num mundo completamente tolerante com a homossexualidade.
No mundo do desporto as coisas não são bem assim. O desporto caracteriza-se na maioria dos casos pela virilidade e pela agressividade e acaba por ser compreensível que os próprios gays encarem a homossexualidade como mais um obstáculo que teriam que ultrapassar caso se assumissem. É um entendimento que se baseia em pressupostos rudimentares, de acordo, mas não deixa de ser compreensível. Ninguém precisa de mais essa barreira para ultrapassar no caminho para se ser um atleta bem sucedido.
No último ano surgiram casos que pretendem ultrapassar esta barreira e fazer com que o desporto acompanhe o resto do mundo no caminho para a tolerância, primeiro, a aceitação, depois, e a indiferença, por fim. Quando for indiferente se determinado atleta é gay ou não, então aí estaremos na etapa final do caminho que os gays ainda têm de percorrer.
Há cerca de um ano, Jason Collins saiu do armário. O assunto foi tratado com as honras que o facto de ser o primeiro atleta em atividade (há vários casos de ex-atletas que se assumem depois da carreira acabar) merecia e teve eco em todo o mundo. Mas o que o caso de Jason Collins não trouxe foi um efetivo teste à mentalidade dos agentes desportivos, sejam eles jogadores, treinadores, scouts, ou outros. Jason Collins nunca foi um jogador preponderante na NBA e, quando se assumiu, fê-lo já no ocaso da carreira impedindo que se pudesse aferir se houve ou não aceitação.
Esta semana foi Michael Sam a sair do armário e a rebentar com a porta atrás dele. Michael Sam arrisca-se a ser "O" nilas que vai tirar tudo a limpo. Por várias razões: a) porque é bom; b) porque está a entrar no prime da sua carreira; c) porque joga o mais popular desporto dos EUA; d) porque dentro de umas semanas integrará o Draft de 2014 da NFL. Será o evento por excelência para saber se o desporto profissional (no caso, o futebol americano) está preparado para se assumir como "gay friendly". É aí que os clubes avaliam todas as características de um jogador e o escolhem ou não. Antes de se assumir Sam era apontado como um jogador muito promissor que iria com certeza figurar nas primeiras rondas do draft. Uma vez assumido, vai ser interessante ver se, quando e por quem é escolhido.
3 comentários:
Desconhecia este gajo. Quando é o draft?
8 de Maio.
http://bleacherreport.com/articles/2059305-michael-sam-reacts-to-st-louis-rams-taking-him-in-2014-nfl-draft?utm_source=facebook.com&utm_medium=referral&utm_campaign=programming-national
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