Jura
Rui Veloso
Jura que não vais ter uma aventura
Dessas que acontecem numa altura
E depois se desvanecem
Sem lembrança boa ou má
E por isso mesmo se esquecem
Jura que se tiveres uma aventura
Vais contar uma mentira
Com cuidado e com ternura
Vais fazer uma pintura
Com uma tinta qualquer
Que o ciúme é queimadura
Que faz o coração sofrer
Jura que não vais ter uma aventura
Porque eu hei-de estar sempre à altura
De saber
Que a solidão é dura
E o amor é uma fervura
Que a saudade não segura
E a razão não serena
Mas jura que se tiver de ser
Ao menos que valha a pena
Não que eu goste especialmente desta música, mas fui forçado a ouvi-la no meu zapping radiofónico. (Sim, ainda pratico tal modalidade.). Sucede que o Rui (não que eu o conheça, mas este gajo é grande, por isso pode ser tratado só pelo primeiro nome, como o Elvis, por exemplo), na minha opinião, anda a ver mal a coisa. “Se tiver de ser/ Ao menos que valha a pena”?! Mas que merda é esta? Se eu tiver que levar um par de cornos ao menos que sejam pregados pela alfaia paquidérmica de um negro saudável das Áfricas que a minha mulher nunca mais se vai esquecer? Ao menos promete-me que ainda vou ter muitos anos pela frente, após reconciliação, em que te vou encontrar, num dia de festa, com a casa quente e cheia de pessoas, e tu cá fora, sozinha no alpendre, sentada numa solitária cadeira a suspirar no horizonte pelo preto que te comeu de tal maneira que te subiu um número de calças para sempre? É isso que tu queres Rui? Fica sabendo que não concordo nada com isso. Esse gesto cavalheiresco de desejar que as aventuras delas sejam memoráveis parece-me masoquista e pouco ambicioso. Tu é que lhes toldas a memória e lhes avivas a chama quando esta ameaça apagar-se. Tu é que tens de valer a pena. O resto, todas as outras aventuras, inevitáveis é certo, desejam-se fugazes, efémeras. O seu único papel, uma vez que têm de existir, reporta-se unicamente a reforçar aquilo que ela sente por ti. Há que provar do resto para se saber o que se quer. Mas espera-se sempre, sempre Rui!, que o resto não seja tão bom como o teu prato. Porque se o for, qualquer dia comes sozinho. Faz-me um favor fazes? Coloca um simples ‘não’ no último verso. Entre o ‘que’ e o ‘valha’. Vai por mim.
Rui Veloso
Jura que não vais ter uma aventura
Dessas que acontecem numa altura
E depois se desvanecem
Sem lembrança boa ou má
E por isso mesmo se esquecem
Jura que se tiveres uma aventura
Vais contar uma mentira
Com cuidado e com ternura
Vais fazer uma pintura
Com uma tinta qualquer
Que o ciúme é queimadura
Que faz o coração sofrer
Jura que não vais ter uma aventura
Porque eu hei-de estar sempre à altura
De saber
Que a solidão é dura
E o amor é uma fervura
Que a saudade não segura
E a razão não serena
Mas jura que se tiver de ser
Ao menos que valha a pena
Não que eu goste especialmente desta música, mas fui forçado a ouvi-la no meu zapping radiofónico. (Sim, ainda pratico tal modalidade.). Sucede que o Rui (não que eu o conheça, mas este gajo é grande, por isso pode ser tratado só pelo primeiro nome, como o Elvis, por exemplo), na minha opinião, anda a ver mal a coisa. “Se tiver de ser/ Ao menos que valha a pena”?! Mas que merda é esta? Se eu tiver que levar um par de cornos ao menos que sejam pregados pela alfaia paquidérmica de um negro saudável das Áfricas que a minha mulher nunca mais se vai esquecer? Ao menos promete-me que ainda vou ter muitos anos pela frente, após reconciliação, em que te vou encontrar, num dia de festa, com a casa quente e cheia de pessoas, e tu cá fora, sozinha no alpendre, sentada numa solitária cadeira a suspirar no horizonte pelo preto que te comeu de tal maneira que te subiu um número de calças para sempre? É isso que tu queres Rui? Fica sabendo que não concordo nada com isso. Esse gesto cavalheiresco de desejar que as aventuras delas sejam memoráveis parece-me masoquista e pouco ambicioso. Tu é que lhes toldas a memória e lhes avivas a chama quando esta ameaça apagar-se. Tu é que tens de valer a pena. O resto, todas as outras aventuras, inevitáveis é certo, desejam-se fugazes, efémeras. O seu único papel, uma vez que têm de existir, reporta-se unicamente a reforçar aquilo que ela sente por ti. Há que provar do resto para se saber o que se quer. Mas espera-se sempre, sempre Rui!, que o resto não seja tão bom como o teu prato. Porque se o for, qualquer dia comes sozinho. Faz-me um favor fazes? Coloca um simples ‘não’ no último verso. Entre o ‘que’ e o ‘valha’. Vai por mim.
1 comentário:
"Ao menos promete-me que ainda vou ter muitos anos pela frente, após reconciliação, em que te vou encontrar, num dia de festa, com a casa quente e cheia de pessoas, e tu cá fora, sozinha no alpendre, sentada numa solitária cadeira a suspirar no horizonte pelo preto que te comeu de tal maneira que te subiu um número de calças para sempre?"
Ahahahahahahah!!
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