A hora não é a mais indicada e o programa também não é o mais carregado de testosterona, mas acho que nem o Bear Grylls vai querer perder estes noventa minutos de televisão. Na madrugada de quinta para sexta-feira (2:00 am), o ser desprezível que se encontra refastelado na fotografia (*) acima - por baixo das sete camisolas amarelas representativas das sete mentiras que pregou ao mundo inteiro - vai à Oprah. Desde agosto, altura em que o escândalo veio a público, têm vindo a lume dados que para além de ajudarem a perceber de que era afinal feito este animal, incutem um sentimento de revolta até naqueles que - como eu - nunca foram grandes adeptos de ciclismo. De tentativas de suborno, a ameaças em plena competição, passando por mais ameaças, este merdas fez de tudo e a pergunta que inevitavelmente nos surge é como é que é possível que ninguém o tenha denunciado nestes ano todos? A resposta, essa, aparece em forma de desabafo de uma das poucas pessoas que ousou combater esta farsa. Questionado sobre se este caso poderia mudar alguma coisa no ciclismo, o ex-ciclista Cristophe Bassons (conhecido no circuito esclarecedoramente por "Mr. Clean") refere, entre outras coisas, que "a intenção de fazer batota está sempre presente" concluindo com um sintomático "está na natureza humana". Ora, quando um ciclista - sobretudo um ciclista conhecido por ser um exemplo de honestidade - acha que fazer batota é próprio da natureza humana, fica muito pouco por explicar neste caso. Ele nunca foi descoberto porque não havia nada a descobrir. Num mundo onde a batota é a regra, infringir as regras não pode ser batota. Simples.
Ao que parece, o programa vai ser transmitido em direto em streaming para o mundo inteiro e eu recomendo vivamente que se sentem em frente ao computador para ver isto. Será a oportunidade por excelência de todos quantos nutriam algum tipo de admiração por alguém que tinha feito o que parecia - pelos vistos era - impossível observarem com atenção a cara de cu com que ele se vai apresentar ao mundo. Porque ver este programa, mais do que um exercício fútil de voyeurismo, em que se vai mostrar ao mundo a desgraça alheia, representa a oportunidade de castigar este gajo da única maneira que ele pode ser castigado. Os títulos já foram, os patrocínios (pelo menos a maior parte) também, mas o carácter coercivo (o "castigo" propriamente dito) desse tipo de coisas é muito pequeno tendo em conta que o ser deve estar carregado de dinheiro até ás orelhas à pala de uma carreira alimentada a injecções de mentira e de intimidação a todos aqueles que ousaram um dia duvidar do seu mérito. O castigo, num caso destes, só aparece com a vergonha. E mesmo que a vergonha venha acompanhada de mais uma mala carregada de dólares (imagino o que a Oprah está a pagar para o receber), ao menos o mundo inteiro vai poder ver este filho da puta a admitir que é uma farsa. Continua a ser pouco, sem dúvida, mas que me vai dar gozo vai. Faço por isso um apelo a que vejam, atentos, este programa e que, se possível, vão fazendo print screen das expressões que melhor se assemelhem a um cu de ciclista mentiroso para depois as espalharmos pelo mundo. Tal como ele espalhou a mentira de que era um desportista.
(*) A fotografia, já agora, foi colocada pela besta no twitter assim que saíram as acusações da agência norte-americana de anti-dopagem, revelando assim toda a sua esplendorosa bestialidade.
1 comentário:
"como é que é possível que ninguém o tenha denunciado nestes ano todos?"
Presumivelmente, ninguém denunciou porque ninguém queria ser o bufo no meio do que parecia ser prática comum. Além de que, ao que parece e do pouco que li, os testes de rastreio foram sendo melhorados, pelo que seria possível que na altura não houvesse maneira de o apanhar.
No entanto, não esqueçamos que o Senhor lá de cima não dorme e que sendo, como sabemos, um amante do desporto (*), o Mesmo ficou escandalizado com a farsa que este sujeito constituía e, na impossibilidade de condenação humana, executou-lhe os tomates.
Parece-me castigo suficiente.
(*) Cenas como, a título de exemplo, o golo de Zidane ao ângulo, em pontapé acrobático, na final da champions, ou o drop do Wilkinson, com o pior pé, no último minuto do Mundial de rugby, ou mesmo qualquer constituição das equipas italianas de volley, têm, de certeza dedo divino.
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