Este texto de Vasco Pulido Valente não pretende concluir, mas apenas ofender. É um direito que lhe cabe e que nos cabe.
Nem sempre me apraz especialmente sugerir a leitura de outros textos, uma vez que gosto de escrever os meus. Mas quando há que tirar o chapéu, tira-se o dito. A verdade é que VPV consegue explicar, e ofender, de forma sublime, o preso, algemado pela própria bimbalhice.
Fica link e texto.
"Opinião
Um fingidor
28/11/2014
- 05:52
Como
o resto do país, não sei nem me cabe saber se o prenderam justa e
justificadamente. Sei – e, para mim, chega – que o homem é um fingidor.
Nunca gostei da personagem política “José Sócrates”, desde a
campanha para secretário-geral do PS (em que ele prometeu não aumentar impostos
que, de facto, aumentou) até à sua ascensão a primeiro-ministro, muito ajudado
por Pedro Santana Lopes e pela reputação de autoritário que entretanto
adquirira.
Não
tranquiliza particularmente ser governado por um indivíduo que se descreve a si
mesmo como um “animal feroz”, nem por um indivíduo que prefere a força política
e legal à persuasão e ao compromisso. Se o tratam mal a ele agora, seria bom
pensar na gente que ele tratou mal quando podia: adversários, serventes,
jornalistas, toda a gente que tinha de o aturar por necessidade ou convicção.
Sócrates florescia no meio do que foi a sufocação do seu mandato.
O
dr. António Costa quer hoje separar os sarilhos de um alegado caso criminal do
seu antigo mentor da política do Partido Socialista e do seu plano para salvar
a Pátria. O que seria razoável, se José Sócrates não encarnasse em toda a sua
pessoa o pior do PS: o ressentimento social, o narcisismo, a mediocridade, o
prazer de mandar. Claro que, como qualquer arrivista, Sócrates se enganou
sempre. Começou pelos brilhantíssimos fatos que ostentava em público, sem jamais
lhe ocorrer se as pessoas que se vestiam “bem” se vestiam assim. Veio a seguir
a “licenciatura” da Universidade Independente, como se aquele papel valesse
alguma coisa para alguém. E a casa da Rua Braamcamp, que é o exacto contrário
da discrição e do conforto e último sítio em que um político transitoriamente
reformado se iria meter.
Depois
de sair do Governo e do partido, Sócrates mostrava a cada passo a sua
falsidade, não a dos negócios, que não interessam aqui, mas da notabilidade
pública, por que desejava que o tomassem. Resolveu estudar em Paris, para se
vingar da humilhação do Instituto de Engenharia e da Universidade Independente,
e resolveu fazer um mestrado em “Sciences Po”, sem perceber que o mestrado é
uma prova escolar de um estatuto irrisório. Em Paris, viveu no “seizième”, o
bairro “fino”, como ele achava que lhe competia, e, de volta a Lisboa, correu
para a RTP, onde perorava semanalmente para não o esquecerem: duas decisões
ridículas que só serviram para o prejudicar, embora estivessem no seu carácter.
Como o resto do país, não sei nem me cabe saber se o prenderam justa e
justificadamente. Sei – e, para mim, chega – que o homem é um fingidor."
1 comentário:
ahahaha!
Muito bom! Que bom poder ler alguma coisa sobre socrates em que o autor se esteja positivamente a cagar para o dito. Sem presunções de inocencia, sem paninhos quentes, sem pruridos (outra boa palavra xando btw). É refrescante! lol
O zé diogo quintela tb esteve bem há uns dias...
http://www.publico.pt/portugal/noticia/o-leitor-tem-opiniao-sobre-o-caso-jose-socrates-nao-tenha-1677646
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