quinta-feira, 31 de julho de 2014

Movimento popular anti-sócrates

Eu sei que são o BES e o Ricardo Salgado que estão na moda, mas nunca nos esqueçamos que o filho da puta do Sócrates é o filho da puta do Sócrates. Como tal, nunca é má altura para falar dele e dele nunca nos devemos esquecer não só de falar, mas de apontar, xingar, denunciar e acusar.

Dizem-me vocês: “Ah, mas ele nunca foi condenado.”, querendo, com isso, defender que eu não posso, em rigor, falar mal dele.

Não me interessa nem um bocado. Culpados não são aqueles que o aparelho judicial consegue apanhar. Esses são os condenados. Um culpado é sempre um culpado, com ou sem condenação. E que o Sócrates é culpado, não tenho a menor dúvida. É tão claro como o Paulo Pedroso ser pedófilo ou o Mantorras preto: Está na cara!

Mas o que me chateia é que este homem segue impune, pago pela televisão pública para gozar connosco. Pior!, pago pela televisão pública, para se defender! Agora é o caso “Monte Branco”. E o gajo (é mesmo assim!) continua no seu discurso de vítima ofendida, alegando estarem a montar uma cabala contra si e que se trata de pura difamação e de uma “canalhice”. Ainda estou a vê-lo proferir estas palavras, com as sobrancelhas franzidas pela fingida indignação. Revoltante!

Ando a dizer isto há algum tempo, não sendo possível apanhá-lo nas teias da justiça terrena, seja por falta de provas, seja por lóbis, criemos nós, simples cidadãos, alheios ao corrupto mikado político-empresarial deste país, o nosso próprio lóbi contra o Sócrates. Possivelmente poderemos estender este movimento a muitas outras personalidades, mas, por agora, foquemo-nos num filho da puta de cada vez. Nada melhor que começar pelo filho da puta dos filhos da puta, o filho da puta mor. O maior sem vergonha que passou em Portugal (Vale e Azevedo é um rapaz tímido ao pé de Sócrates).

O que proponho: Um movimento popular de criação de mau estar.

Não estou a falar em contratar capangas para lhe dar uma tareia, nem em processá-lo nos tribunais. Falo de coisas pequenas. Falo de lhe fazer a vida num pequeno inferno. Este gajo tem que se sentir mal em viver em Portugal. Se quis, e conseguiu, roubar, que ao menos se veja obrigado a pagar o preço da extradição forçadamente voluntária. Que viva, mas noutro país que não o seu. Que viva, mas sem ser descansado. O tormento na alma é a maior das penas. Intranquilizemos este filho da puta!

Como funciona: Há apenas regras gerais. Podemos fazer tudo para o chatear, até ao limite de ele nos poder pôr um processo e, com isso, ter a sua satisfação pessoal. Chateá-lo até ao limite do processo é o que proponho.

Por exemplo, alguém o vê num restaurante, no autocarro, na rua, numa festa, numa loja, na praia, onde for!, sugiro:

-    Atirar-lhe um copo de água para cima. Quem diz água, diz uma tarte, um café, cinco litros de mel, molho inglês, etc.
-    Parar à sua frente e, fitando-o e abanando a cabeça em tom de indignação, proferir, sem parar, apenas estas palavras: “Isto é uma vergonha! Isto é uma vergonha!”. Se quiserem usar da ironia, também é bem visto. Nesse caso sorrirão amarelamente e, batendo palmas, podem proferir: “Honestíssimo! Está aqui um homem honestíssimo pessoal. Venham ver!”.
-    Parar à sua frente e rir, como quem disfarça, apontando para ele e cochichando qualquer coisa para a pessoa ao lado, ao ponto de ele perceber que está a ser gozado, mas não entender o conteúdo do gozo. Isto deixa uma pessoa muito nervosa e muito desconfortável, o que é, afinal, tão-só o nosso propósito.
-    Passar ao lado dele e acusá-lo de cheirar mal. Tapar o nariz e abanar as mãos em frente a toda a gente e dizer “Eishh, que cheiro! O homem ‘tá podre!”. Esta é boa no elevador, pois não permite grandes dúvidas quanto à acusação.
-    Desrespeitar a distância socialmente aceitável, quando na sua presença.
-    Fazer sons de animais (bem alto!), quando na sua presença.
-    Arrotar.
-    Assobiar-lhe ao ouvido, de surpresa.
-    Pôr-lhe a mão à frente e dizer que o ar é de todos.

Enfim, são apenas algumas ideias. O regime é livre. O que interessa é que este palhaço não saia à rua descansado. Conto com a vossa imaginação para dizerem mais algumas maldades. Vamos encanitar o Sócrates!


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Pensamento do dia

Uma coisa que me intriga há muito tempo: os balneários.

O balneário da minha equipa não me preocupa. Preocupa-me um balneário em particular, bem como, em geral para todos os balneários, me preocupa a teoria que subjaz à divisão dos balneários em mulheres/homens.

A divisão que a sociedade impôs, onde se conduzem mulheres para a direita e homens para a esquerda quando toca a hora de vestir, foi feita com base no género (critério) e fundamentada pelo facto de estes géneros opostos se atraírem (fundamento), pelo que se entendeu que, quando se abrem braguilhas, fecham-se portas.

Porque a atracção existe, o pudor, os bons costumes, a prevenção e a segurança terão sido as razões para levar a que esta decisão se efectivasse e se separassem os sexos opostos.

- O fundamento que conduz a esta separação é, portanto, a atracção entre homens e mulheres, logo, pode-se dizer que o fundamento é a orientação sexual das pessoas.

- Por seu lado, o critério, o qual resulta da aplicação do fundamento, é tão simplesmente, fazer a triagem entre quem é homem e quem é mulher.

No entanto, hoje em dia não se pode ignorar que também existe atracção dentro do mesmo sexo. Cada vez mais!

Então, fará ainda sentido continuar a separar as pessoas cegamente pelo órgão genital, quando o que sempre as separou era, na verdade, a sua orientação sexual?
Se o fundamento (orientação sexual) para a separação dos balneários se mantém, mas esse próprio fundamento aplicado de pessoa para pessoa é hoje diferente, não será necessário actualizar o critério?

Há, neste momento, muitos gays (de ambos os sexos) a vestirem-se e a tomarem banho nos balneários do sexo pelo qual estão atraídos. Acho isso injusto. Primeiro, porque as cautelas com o pudor e os bons costumes estão ameaçadas e depois porque eu nunca tive a oportunidade de tomar banho num balneário feminino.

Quem devia pedir igualdade são os heterossexuais. Nós é que estamos em desvantagem.

Basicamente o que quero dizer é: se não me querem meter no balneário das mulheres,  porque acham isso incorrecto, tenho pena, mas ao menos tirem-me os gays do meu balneário e tragam para cá as lésbicas que se despem nos balneários femininos por esse país fora.

Pensem nisso!

Quanto ao único balneário em particular que me preocupa, falo, evidentemente, do balneário do Ginásio Clube Português. Em mais nenhum lado vi tanta concentração de homem velho descaradamente nu. É custoso ver estas carcaças atacadas em força pela gravidade, passearem-se orgulhosa e desprendidamente despidas. Nunca percebi porque razão os velhotes fazem questão de fazer a barba completamente nus. 

...é que há aquela ligeira inclinação final para o espelho a ver se o barbear está completo. Totalmente desnecessário.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A ditadura da Partilha

Nada tenho contra o André Sousa Bessa. Muito pelo contrário. Foi meu colega de curso durante um par de anos e, apesar de ter perdido o contacto com ele após a faculdade, tenho do André a melhor das impressões. Tinha defeitos - um tripeiro dos sete costados... -, como todos, mas sempre vi nele uma pessoa com uma inteligência muito acima da média que coleccionava amigos por onde passava. Um atestado de qualidade se tal se pode dizer de uma pessoa. Não é por isso o André, cuja morte muito me impressionou, que me traz aqui, mas sim a reacção à sua morte. 

Nesta versão do mundo em que vivemos começa a reinar a ideia de que quanto mais privados são os momentos maior é a necessidade de os expor. A "Partilha", o acto de partilhar, virou uma obsessão nacional (mundial?) e nem mesmo o luto mais profundo, aquele que vai contra todas as leis da natureza, a luto pela morte de um filho foge a essa regra. Logo no dia seguinte à morte do André fomos brindados com uma reportagem na TVI da missa de corpo presente do André. Não se tratava das clássicas entrevistas à porta da igreja e pedir um testemunho (sempre elogioso, como as circunstâncias exigem) sobre o falecido. Não. Desta vez a reportagem foi sobre a missa em si. As câmaras estavam dentro da igreja a filmar a pobre da Judite de Sousa num estado de completo desnorte e desespero (só mesmo esse desnorte pode explicar que se autorize uma televisão a filmar uma cerimónia tão privada quanto esta). Dei por mim a mudar de canal por não querer violar a privacidade daquela gente. Senti-me ridículo mas fez-me pensar. Ao que isto chegou. São os supostos violadores da privacidade alheia que se vêem obrigados a defender essa mesma privacidade.

Depois vem o facebook e os incontáveis e intermináveis testemunhos de família, amigos, conhecidos, etc. É nestas alturas que eu me vejo a concordar com quem ainda não se rendeu às redes sociais. Sou um pró-facebook (o que quer que isso queira dizer) convicto e, embora seja mais um utilizador passivo do que propriamente um furioso dos "status updates" vejo nas redes sociais grandes vantagens, sendo a principal manter-nos em contacto, ainda que virtual, com as pessoas de quem gostamos mas que, por impossibilidade física e temporal, não vemos com a frequência que gostaríamos. Acaba por ser um sucedâneo do contacto físico por ridículo que isto possa soar (e soa).

Mas nestes momentos, o facebook mostra-nos a verdadeira bestialidade do ser humano. A quantidade de posts de gente que se quer associar ao luto de uma mãe é obscena. Dou por mim a questionar o propósito de cada poema ou montagem que os enlutados amigos publicam e não consigo encontrar nenhum que não seja egoísta/narcisista. Porque a Partilha (assim, com "P" maiúsculo porque se trata já de uma instituição) deveria ser isso mesmo. Deveria ser altruísta e generosa, por ambicionar que outra pessoa usufrua de algo que nós achamos que merece ser usufruído. Não é o caso neste tipo de posts. Aqui partilha-se o luto por surreal que isso possa parecer. Aqui partilha-se a morte. Aqui diz-se: "eu também o conhecia e estou muito triste". Aqui ambiciona-se a pena. Não se homenageia nem se conforta quem sofre (qualquer mensagem privada à mãe do André ou um ramos de flores cumpririam bastante melhor esse propósito). 

Há cerca de um ano, aquando da morte de alguém próximo de amigos meus e da subsequente avalanche de "Rest In Peaces" virtuais, um querido e saudoso amigo, no seu jeito de estar sempre contra a corrente, comentava comigo que esta "martirização social" o fascinava. Suponho que "fascínio" seja uma palavra com um significado suficientemente abrangente para incluir o que sinto nestes dias ao passear pelo facebook. Mas não seria seguramente a palavra que eu escolheria.