Derrick Rose é um jovem de 25 anos, feitos no mês passado, natural de Chicago que joga basket na NBA para ganhar a vida. Foi a primeira escolha dos Chicago Bulls (e do draft, visto que os Bulls tinham a primeira escolha) no draft de 2008 e cedo demonstrou que seria uma referência para todos os fãs dos Bulls que, como eu, desde o final da década de 90 esperavam por um franchise player que voltasse a pôr os Bulls no topo da NBA. Rose cedo mostrou que, não só tinha tudo o que seria necessário do ponto de vista técnico e físico, para ser esse jogador ansiado, como fê-lo como se nada fosse com ele, fazendo da discrição e da humildade palavras de uso obrigatório sempre que dele se fala. Nunca se lhe viu um grito mais enraivecido (perfeitamente justificável em determinadas ocasiões) de festejo depois de pontos conquistados, nem nunca se lhe conheceu qualquer gesto mais egocêntrico ou narcisista por se ter tornado na nova bandeira de Chicago e da NBA. A cara com que entra em campo é a mesma que apresenta quando sai depois de ter passado 48 minutos a abrir defesas ao meio e isso dá-lhe uma mística e uma aura que o torna especial. Parece que lida com a grandeza de forma natural e despretensiosa e isso, por si só, já me merece o mais profundo respeito. No ano de estreia, Rose, naturalmente, foi eleito o Rookie Of The Year, no ano seguinte foi selecionado para figurar no jogo All Star e no terceiro ano sagrou-se o mais novo MVP de sempre. Aos 22 anos. Aos 22 anos foda-se! Chicago já encomendava os foguetes com a perspectiva de voltar a dominar a NBA. Eu já esfregava as mãos de contente só com a ideia de voltar a ver os Bulls a varrerem. No primeiro jogo dos playoffs da época de 2011/2012 Rose apoia mal o pé e rebenta com os ligamentos cruzados do joelho esquerdo. Chicago chorou. Essa época morria nesse segundo e a época seguinte ficava seriamente comprometida já que o tempo da paragem numa lesão destas e num jogador que faz do contacto físico parte importante do seu jogo é sempre imprevisível. Perante isto Chicago preparou-se para mais um hiato de basket. A equipa daria o seu melhor enquanto ele estivesse fora, mas na certeza de que o melhor de uns Bulls sem Rose seria sempre insuficiente. Passaram os playoffs de 2011/2012, passou a fase regular de 2012/2013 e Rose foi dado como apto clinicamente, mesmo a tempo dos playoffs. Chicago acordou, mas logo adormeceu. No começo de todos os jogos de playoff dos Bulls, Rose integrava o aquecimento com os restantes colegas e, assim que terminava, ia para o balneário e já não voltava num exercício cujo único objetivo parecia ser deixar água na boca dos adeptos. Rose lá explicou depois de muitas críticas que para se estar recuperado é importante estar recuperado mentalmente também e ele queria ter a certeza que voltava bem e não tinha recaídas. Clubismos à parte, é no mínimo prudente que um gajo novo, com a carreira por fazer e a fortuna por receber, opte pelo caminho mais seguro. Tudo bem. O adepto, no final de contas, agradece. Entramos então nesta época, que se iniciou em Outubro. Rose mostrou-se em muito bom plano nos jogos de pré-época deixando um sorriso na boca daqueles que, 560 dias depois, voltaram a ver aqueles arranques que só ele consegue fazer, passando no meio de armários de 2 metros e 20 e sempre arranjando maneira de deixar a bola no aro. Para compensar o tempo perdido mostrava que as suas promessas de que tinha melhorado o seu tiro exterior (por ser a única coisa que podia treianr durante a lesão) até tinham algum fundamento. Mas a época não trouxe essa confirmação do regresso de Derrick Rose. Sim, estava a jogar, mas ainda era um Rose muito distante do verdadeiro Derrick Rose. Os arranques não saíam, o tiro exterior muito menos e os Bulls entraram com algumas derrotas inesperadas. Desde há duas semanas para cá as coisas pareciam estar-se a encaminhar. No fim de semana passado ganharam com autoridade aos Pacers (que contavam por vitórias todos os jogos até aí disputados) e seguiam já numa winning streak de 6 jogos. This is it! sussurravam a si mesmos os adeptos dos Bulls com as aparições fugazes do seu ídolo.
No sábado passado Derrick Rose numa jogada normal que nem era de ataque ao cesto deu um passo e o joelho direito cedeu. Outra vez. De onde estava já só saiu apoiado nos ombros dos médicos e do pavilhão só saiu de muletas. Foi operado há um par de horas e os Bulls anunciaram que falhará pelo menos esta época. Entre os 24 e os 26 anos Derrick Rose rebentou com os dois joelhos e foi sujeito a duas operações de reconstrução cuja fatura que deixam na longevidade de qualquer atleta é sempre alta. A carreira de Derrick Rose está agora em risco e isto é uma filha da putice tão grande que me apetece bater em alguém. Foi o que fiz. Bati no teclado.
Estou melhor por acaso.