João Vítor abre os olhos de uma vez. Sem norte, sente uma dor de cabeça, a boca seca e o cheiro a tabaco impregne na roupa com que dormiu. Leva as mãos à cabeça e jura nunca mais beber, quanto mais fumar. Chega a jurar mudar de vida. Ao seu lado, de costas para ele, uma pomba que não conhece. Vocifera mentalmente por mais um engate manhoso. Questiona-se como pôde tocar naquela ave, feia, fácil, flácida. Não a acorda. Por ele, dormia eternamente. Levanta-se da cama e arrasta as patas até à cozinha. Abre o friglu: nada! Uma lata de fanta, laranja, deitada e vazia. Na gaveta de baixo, uma cerveja e duas sardinhas. Comestíveis, mas a pedirem substituição. Não lhe apetece comida normal. Tira a cerveja, fecha o friglu e atrás da porta, um maço que lhe tinha escapado. Encolhe os ombros, saca de um cigarro e abre a cerveja. Faz uma pesquisa sem foco na net, lê uns jornais, fecha e abre sites, fuma, bebe. O seu vagueio mental é interrompido por um breve arrulho. A Cláud... , Susan... , a pomb... , ela!, acorda. João Vítor, decidido, e um pinguim de palavra e convicções fortes, acaba a cerveja, dá o último bafo, levanta-se, dirige-se ao quarto, pega nos lençóis e enfia-se na cama outra vez, para uma outra vez.
3 comentários:
muito forte.
bom!
muito bom! obrigado joão vitor
Enviar um comentário