segunda-feira, 9 de março de 2015

Drop Dead

Depois das peças icónicas da Sancha ou do tricot vaginal, hoje trago mais um exemplar da série "cenas verdadeiramente inúteis que espantam pela sua espantosa inutilidade". Ao que parece há por aí um movimento iniciado por um "media artist" (não sei o que é), chamado Aram Bartholl, que consiste em assentar pens em tijolo. Sim, este homem de ascendência irrelevante, depois de ler 790 livros de espionagem da década de 80 e ver outras tantas vezes a série The Americans (que recomendo, desde que vista apenas uma vez), lembrou-se de transportar para o século XXI o conceito da Dead Drop - termo utilizado por espiões para apelidar a partilha entre si de material sensível, através de um qualquer esconderijo na rua. A diferença é que, em vez de microfilmes com imagens do programa aeroespacial norte americano, ou gravações clandestinas do telefone de um qualquer governante, aqui partilham-se cenas. Apenas cenas. Aleatórias. Arbitrárias. Estúpidas ou inteligentes, que é que interessa. O que interessa é que se partilha (voltamos à "Ditadura da Partilha" mas não entremos por aí). "E como?", perguntam vosselências, enquanto se coçam de súbita curiosidade. Através de pens que inúteis deste mundo andam a colar nas paredes das suas cidades. Ora vejam este exemplar:


Ao que parece já foram assentes em tijolo 1.500 pens por esse mundo fora e é com incontido orgulho que informo que Portugal ainda só tem uma Dead Drop. Segundo o site, está espetada ali nas redondezas do Palácio de Queluz e aguarda que algum computador lhe abra as pernas, nesta estranha mistura de kinder surpresa com glory hole. O que está na pen do Palácio de Queluz não sei, assim como não sei o que está em qualquer uma das outras. Desconfio que os virus encontram nas Dead Drops locais muito acolhedores para se estar e, por isso (e só por isso) não vos desafio a irem lá espetar o vosso portátil na parede. Mas já agora, se alguém lá for, mijem-lhe para cima fds!

2 comentários:

Xadão disse...

Rio-me da tua indignação, mas não a entendo muito bem. Segundo percebi - depois de carregar nos links que nos deixas -, as pens são colocadas vazias e as pessoas vão lá pôr o que quiserem. Não me parece uma ideia assim tão estúpida. Primeiro porque não chateia ninguém, pelo que a sua pequenez me limita, desde logo, o meu grau de indignação. Depois porque é uma ideia que pretende aproveitar o facto das pessoas serem curiosas. Provavelmente, vamos encontrar nestas pens uma boa dose de merda, mas isso não quer dizer que, na base, a ideia tenha o seu (ainda que pouco) interesse. É uma ideia que suscita curiosidade. Nada mais. Compará-la à arte de fazer ponto cruz na própria vagina parece-me algo exagerado.

Morales disse...

Quem coloca as pens mete lá o que quiser. Pode não pôr nada, ou pode pôr uma receita de cabrito no forno. Fica ao critério de cada um. É esta aleatoridade que me encanita. Não há nenhum objetivo além de espetar pens nas paredes, o que acaba por tornar a coisa num antro de vírus e coisas inúteis, digo eu.

Mas olha já que ficaste tão curioso, quando fores ao Palácio de Queluz espetar o teu computador na parede, dps diz-me o que encontraste na pen. Aposto que vai ser algo extremamente enriquecedor, tipo a receita dos pastéis de belém.

Fica a fonte deste post para saciares a tua curiosidade: http://www.theguardian.com/artanddesign/shortcuts/2015/mar/08/dead-drops-what-to-do-if-you-see-a-usb-stick-sticking-out-of-a-wall