terça-feira, 4 de dezembro de 2012

"Só porque uma pessoa faz madeixas não pode ser guerreira?"


A pergunta é simples. Senão filosofica, pelo menos sintaticamente. A resposta também é, aparentemente, simples. Tentando olhar para a questão de forma tão objetiva quanto a própria nos permite e sem preconceitos (contra as madeixas, senão me engano) diria que a diferença de tons em partes delimitadas de cabelo e a coragem e convicção são condições de uma pessoa que não se excluem mutuamente. Tratando-se a pessoa de um homem, diria que aí o caso já fia mais fino. As madeixas num homem (assim como o hábito de comer scones ao pequeno-almoço btw) podem ter o condão de nos levar a crer que ali não estará um guerreiro. Aliás, o cadastro capilar de um homem deve estar inversamente indexado à sua capacidade de ser um guerreiro. Quanto mais histórias o cabelo de um homem tiver para contar, menos propensão esse homem terá para o confronto físico. Necessariamente. E nem precisamos de recorrer à mitologia de Sansão para o comprovar.

Aqui está apenas um exemplo de como Margarida Rebelo Pinto tem razões de queixa da sociedade portuguesa, por esta não lhe dar o crédito que, "Sei Lá!", ela merece. Aí está a prova de como Rebelo Pinto consegue pensar fora da caixa e levantar questões que nunca foram respondidas. E desenganem-se aqueles que acham que isso se deve ao facto de essas perguntas nunca terem sido perguntadas. A culpa é de quem nunca as perguntou. Não é, concerteza, da Margarida.

Só o pedantismo do povo português pode explicar que numa entrevista em que a Margarida levanta tantas questões novas - na verdadeira acepção da palavra - e se dá a conhecer como nunca antes, a única mensagem que tenha tido verdadeiro eco mediático tenha sido o já famoso "downsizing do lifestyle". É tacanho. É pequeno. E é, "Sei Lá!", injusto!

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