quinta-feira, 9 de agosto de 2012

JO 2012


Muito se questiona sobre a qualidade da prestação olímpica de Portugal em Londres. Mais do que emitir uma opinião formada, escrevo este post em jeito de pergunta. Será que a nossa prestação é má, como tantos dizem? Ou será boa? Ou normal até... Sinceramente não sei e talvez a resposta esteja nos cálculos matemáticos da proporcionalidade entre população/medalhas. Mas sinceramente, a meu ver, a resposta não se pode basear apenas nesse cálculo. O mesmo diz muito, mas não diz tudo. Não conta com as diferentes condições de preparação dos atletas de cada país, não conta com os centésimos de segundo que tiraram o ouro aos remadores Portugueses - os mesmos que o deram aos Húngaros - e também não conta com o sono do Marco Fortes que tem azar em lhe marcarem as competições de manhã, por exemplo. Enfim, muitas mais lacunas terá este cálculo. Certo, certo, é que já ouvi dizer que Portugal tem mais medalhas per capita que a China (não confirmei, nem o vou fazer).

Como alguém disse: A estatística é a arte de mentir com precisão.

Olhando para o Medalheiro dos JO 2012 - http://desporto.publico.pt/Londres2012/medalheiro - vários factos curiosos me suscitam a atenção:

- Portugal aparece num espectacular 73.º lugar em 75 países medalhados. Refira-se, desde já, que há 204 participantes (191 países e 13 territórios - http://www.suapesquisa.com/olimpiadas2012/paises_participantes.htm) e que passar de 73º em 75, para 73.º em 204, ainda é uma diferença grande.

Mais factos:

- A Argentina, país com cerca de 41.000.000 de habitantes, ganhou apenas 4 medalhas!

- Espanha, aquele que, a meu ver, é o melhor país do mundo em desporto, tem 17 medalhas., muito atrás de Itália (28), França (34), Alemanha (44) e o Reino da Grã Bretanha e Irlanda do Norte (65), países similares em prestígio desportivo à Espanha.

- Brasil tem quase as mesmas medalhas que Espanha, mas para cada espanhol, há 4 brasileiros.

- A Escócia, que não participa isoladamente, mas sim no Team GB, tinha, ainda há uns dias, 11 medalhas e 5.000.000 de habitantes.

- O Cazaquistão, cujo cidadão mais famoso é o Borat, tem as mesmas medalhas de ouro que o Japão (!!), no ranking do Medalheiro, e aparece em 12.º lugar.

- A Bielorrúsia, com os mesmos habitantes que o nosso pequeno rectângulo, leva 13 medalhas no bolso, mais 7 que uma África do Sul (50.000.000).

- A Jamaica, sabe Deus porquê (tema sobre o qual penso escrever mais tarde), tem uma estranha predisposição para a corrida de velocidade, fazendo deste país, insignificante no desporto em geral, um dos mais cotados nas medalhas.

Muitos mais factos se poderão tirar do Medalheiro. De facto, a prestação Portuguesa não me parece espectacular. Mas a culpa é dos atletas ou da falta de estrutura interna que crie as condições necessárias para os mesmos conseguirem mais e melhor? Será que com o que temos já é bom uma medalha e algumas presenças em finais? Não é também motivo de orgulho a nossa atleta que trabalha na Câmara de Ovar, teve apenas dispensa para treinar cerca de um mês ou dois, caiu ao chão na meia final (corrida com barreiras), levantou-se e ainda se foi apurar para a final, não ficando em último? E o 7.º lugar da Jessica Augusto na maratona?

Fica o post em jeito de questão. Não me agrada só uma medalha, mas também não me agrada o bota abaixo constante.


2 comentários:

Morales disse...

"A estatística é a arte de mentir com precisão". Muito bom! Nunca tinha ouvido.

Respondendo ao post em jeito de questão: acho que a prestação portuguesa está perfeitamente dentro dos mínimos exigíveis. E mesmo que não ganhássemos medalhas não me chocaria. Os nossos melhores atletas não foram. Os gajos do remo estiveram brilhantes, a jéssica augusto idem (foi a 3ª maratona da carreira dela), ping-pong (?!) idem, e o bacano do triatlo tb. A unica coisa que foi de facto má foi o judo, mas fds, azares acontecem.

E a palavra "medalheiro" han? Nem uma referência a esta óptima junção de letras?! lol

Xadão disse...

Fizemos os mesmos pontos de Pequim entretanto. Recebemos uma medalha, mas 9 diplomas.

Mas concordo inteiramente contigo, os nossos melhores não foram e os melhores que foram não foram bem sucedidos. Acontece!

Mas ainda assim, acho que podemos fazer mais com o desporto em Portugal. Tem que haver um rumo definido a longo prazo, o que não me parece, de todo, haver. Passa muito pelo desporto escolar, que é deficiente.

Medalheiro é uma palavra digna de registo, de facto.